Um vaso sanitário movido a energia solar, que produz hidrogênio e eletricidade, conquistou o primeiro lugar do Desafio Reinvente o Banheiro, lançado pela Fundação Bill e Melinda Gates. O projeto, desenvolvido pelo Instituto de Tecnologia da Califórnia (Caltech) recebe um prêmio de US$ 100 mil (mais de $ 200 mil).
O segundo lugar no concurso ficou com a Universidade Loughborough, no Reino Unido, que criou um vaso que produz carvão biológico, minerais e água limpa, para um prêmio de US$ 60 mil. E a terceira posição foi conquistada pela Universidade de Toronto, no Canadá, pela criação de um vaso sanitário que desinfeta fezes e urina e resgata água limpa.
O desafio havia sido lançado há mais de um ano, com o objetivo de projetar vasos capazes de capturar e processar excrementos humanos sem o uso de água corrente, eletricidade ou redes de esgoto, e de transformar os excrementos em recursos úteis, como água limpa e energia, a um preço razoável.
As equipes participantes do desafio apresentaram suas criações na Feira Reinvente o Banheiro, realizada em 14 e 15 de agosto na sede da fundação. A feira reuniu representantes de 29 países.
Problemas de saúde
O desafio pode parecer pitoresco, mas a fundação lembra que o vaso sanitário comum “é caro, desperdiça água preciosa e requer um sistema de esgoto”. Por conta disso, 2,5 bilhões de pessoas em todo o mundo não têm acesso a um, o que gera graves problemas sanitários, com a contaminação de alimentos e da água.
“Métodos inseguros de captura e tratamento de excrementos humanos matam 1,5 milhão de crianças a cada ano”, diz nota da instituição.
Citando números da OMS, a fundação afirma que cada US$ 1 investido em saneamento traz US$ 9 em benefícios econômicos, ao “aumentar a produtividade, reduzir os gastos do sistema de saúde e evitar doenças, deficiências e morte”.
O projeto
O sistema desenvolvido pela Caltech já havia recebido, no ano passado, uma dotação de US$ 400 mil (cerca de R$ 810 mil) para desenvolver um protótipo do vaso sanitário solar – a Fundação Bill e Melinda Gates tinha pré-selecionado oito projetos para patrocinar – , que o prêmio conquistado, agora, complementará.
Encabeçada pelo engenheiro Michael Hoffmann, a equipe da Califórnia criou um vaso sanitário que cabe numa cabine de banheiro público, mas utiliza um painel fotovoltaico para gerar a energia que alimenta o reator eletroquímico responsável por separar o hidrogênio e a água dos excrementos.
O hidrogênio pode, então, ser usado como combustível para gerar energia e manter o reator funcionando em condições de tempo desfavoráveis, ou à noite. Em 2011, Hoffmann havia dito que a construção de uma unidade funcional custaria US$ 2.000 (cerca de R$ 4.000), mas que a produção em larga escala deveria reduzir esse valor.
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