domingo, 5 de agosto de 2012

Ceitec processa suas primeiras lâminas de silício



A Ceitec, empresa vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), finalizou no mês de julho as primeiras lâminas de silício em sua fábrica em Porto Alegre. A etapa vencida faz parte da transferência de tecnologia de fabricação XC06 para produção do Chip do Boi, primeiro produto “de prateleira” da empresa. Trata-se de um dispositivo avançado de identificação por radiofrequência (RFID) projetado para identificação animal e que será inserido em um sistema de ponta de rastreamento de gado. É o primeiro chip desenvolvido pela fábrica da Ceitec e o primeiro dispositivo do gênero a ser produzido em volume no País.

O Chip do Boi funciona como identidade eletrônica do animal, armazenando dados sobre nascimento, vacinas e manejo, entre outras informações. Antes dele, o pecuarista tinha duas opções para rastreabilidade: o brinco óptico com números e o brinco com código de barras, mas ambas apresentam dificuldades que afetam sua confiabilidade. No chip óptico um peão tem que ditar para outro o número que está escrito no brinco, a informação é anotada e passada depois para o computador na sede da fazenda. Já o brinco com código de barras só pode ser lido se ele estiver limpo, sem sujeiras como barro, e se o animal mantiver a cabeça parada. O brinco com o Chip do Boi pode ser lido com o gado em movimento e as informações vão diretamente para o software no computador da fazenda por bluetooth, wi-fi ou cabo. A previsão de demanda doméstica para o Chip do Boi supera 1,5 milhão de unidades para 2012, com taxa mínima de crescimento esperado de 10% ao ano na próxima década. 

Devido à grande complexidade do processo XC06, que está sendo licenciado à Ceitec pela empresa alemã X-FAB, a transferência de tecnologia deverá se estender pelos próximos vinte e quatro meses. O objetivo final é a certificação dos processos para a produção industrial de chips com padrão internacional de qualidade. O primeiro lote de um milhão de unidades do dispositivo, manufaturado na fábrica da X-FAB, na Alemanha, já está à disposição do mercado.  

A etapa já concluída é a primeira de várias fases do processo de transferência de tecnologia, que começou em outubro de 2011, a partir da assinatura do contrato entre Ceitec e X-FAB. O presidente da CEITEC, Cylon Gonçalves da Silva, avalia que a conclusão dessa etapa é um divisor de águas na história do projeto da empresa no Rio Grande do Sul e no Brasil.

- Aos poucos, o chip verdadeiramente brasileiro começa a nascer em Porto Alegre. Olhando para o passado, esse sucesso coroa os esforços de quase uma década de todos os envolvidos na concepção e implantação do projeto. Olhando para o futuro, a fábrica da Ceitec inicia sua consolidação como um dos mais desafiadores e complexos centros de alta tecnologia industrial já implantados no país - afirma Cylon.

A fábrica da Ceitec fica em Porto Alegre (RS) e é a primeira fábrica de chips da América Latina. O projeto de R$ 400 milhões foi financiado pelo governo federal. Entre 2008 e 2011, a Ceitec recebeu cerca de R$ 97 milhões da Financiadora, sendo que à época da inauguração, a FINEP aportou mais de R$ 19 milhões em quatro projetos.

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