quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Proteção para o mundo fashion


A indústria brasileira de moda reúne mais de 30 mil empresas, movimenta US$ 63 bilhões e gera 1,7 milhões de empregos diretos por ano. Mas o produto desse fenômeno continua desprotegido e suscetível à pirataria, sem que haja punição para quem copia. E a reivindicação de um preparo maior das organizações responsáveis pelo registro e pela fiscalização por parte do setor é gritante, de acordo com os participantes do painel A Marca e o Design na Indústria da Moda, que aconteceu no último dia do XXXII Congresso de Propriedade Intelectual da ABPI. Oskar Metsavaht, fundador da Osklen e Paulo Borges, organizador do São Paulo Fashion Week, participaram do encontro e apontaram os maiores desafios da moda associados à propriedade intelectual.

"No mundo da moda, registramos apenas as marcas. Não existe o costume de registrar o design porque simplesmente parece não valer a pena, não vemos punição pra quem produz as cópias e muitos usuários consomem esses produtos predatórios”, afirmou Oskar Metsavaht. Para o estilista, faltam instituições credenciadas a analisar o produto da moda, que difere muito dos outros. “Seria preciso uma formação em direito, arte e design para que o analista de um pedido de registro, por exemplo, conseguisse distinguir elementos de estilo que compõem o DNA de uma marca”, explicou o fundador da Osklen.

Oskar também criticou o que muitos produtores de plágio chamam de inspiração. “A maioria das pessoas que se 'inspira' copia e nem cita a fonte original. Ao contrário do que muitos pensam, existe muita originalidade e inovação na moda, e precisamos combater práticas que ferem a ética da criação”, defendeu o empresário.

O desafio da fast fashion
A fast fashion, moda produzida por lojas de departamentos em larga escala e por preços baixos, também foi lembrada como um fenômeno que desvaloriza a moda autoral. Enquanto as grifes têm processos criativos lentos, debruçados em experimentos e que geram desperdício, a cópia de modelos é rápida e utiliza matéria-prima e mão de obra de baixa qualidade. “Todo mundo tem o direito de usar tendências, mas ninguém tem o direito de copiar pra vender mais barato. Acho que a democratização da moda, tão falada atualmente, tem que acontecer com a melhora da condição de vida das pessoas”, defende Oskar Metsavaht, que acredita na construção de uma cultura de moda e na defesa da ética dentro do segmento: “Quem quiser fazer uso dos elementos de estilo de uma peça, que identifique a origem do design e pague os royalties devidos”.

O idealizador das semanas de moda do Brasil explicou que o plágio gera apenas uma perda econômica para quem é vítima dele. “Também afeta a construção da marca e todo o investimento que ela faz no seu processo de desenvolvimento. A longo prazo, deteriora a capacidade de inovação na medida que o setor criativo recebe menos investimentos e se sente desmotivado a criar o novo”, afirmou Paulo Borges.

Nenhum comentário:

Postar um comentário