Quem faz, de que tipo e para quem é feita a inovação tecnológica? Respostas para estas questões surgem nas discussões travadas no Encontro Acadêmico em Propriedade Intelectual, Inovação e Desenvolvimento (Enapid), promovido pelo INPI, no Rio de Janeiro, nos dias 19, 20 e 21 de setembro. Nesta quinta edição, o Enapid contará com a apresentação de 94 trabalhos científicos, dos quais 48 apresentados no formato oral, distribuídos em quatro sessões coordenadas. Ao todo, foram 162 trabalhos submetidos à avaliação.
De acordo com o presidente do INPI, Jorge Ávila, temas relacionados à propriedade intelectual e que, até os anos 90, eram restritos ao ambiente jurídico, hoje fazem parte da economia do conhecimento, com reflexos evidentes nos ambientes de negócios.
- Investimentos em patentes sempre existiram na busca de desenvolvimento incremental mas nunca como hoje - afirma Ávila.
A estimativa é que, em 1980, havia, em todo o mundo, 800 mil pedidos de patentes. Em 2009, este volume chegou a 1,8 milhão. Em relação às marcas, eram um milhão em 1985 e três milhões em 2009. E os registros de desenho industrial cresceram de 290 mil no ano 2000 para 640 mil em 2009.
No Brasil, com uma média de 40 mil pedidos de patentes, o crescimento de 15% ao ano é considerado expressivo pelo presidente do INPI, mas ainda aquém da capacidade do país e desproporcional ao volume de produção científica.
Parceria universidade-empresa é essencial
Para reverter este quadro, um dos caminhos mais apontados é a aproximação entre empresas e universidades, com a articulação de seus núcleos de inovação tecnológica. No entanto, segundo Adelaide Antunes, professora da Academia do INPI, esta preocupação está longe de ser prioridade entre as universidades brasileiras.
No mercado, o que não falta é mão de obra no país. Só na área de biotecnologia, a estimativa é de 12 mil engenheiros. O desafio é reverter especialização e conhecimento científico em produção de tecnologia de aplicação industrial.
A tão decantada sinergia entre atividade acadêmica e iniciativa privada ainda não funciona, avalia a professora. Para que isto aconteça, ela defende uma aproximação maior entre os órgãos do Ministério da Educação e os da Ciência e Tecnologia.
Investimento em inovação ainda é baixo
Investimentos em pesquisa e desenvolvimento têm crescido mas ainda são insuficientes. Em relação ao produto interno bruto, eles correspondiam a 0,49% em 2005 e chegaram a 0,54% em 2008. De acordo com Fernanda de Negri, do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), com esta baixa evolução, o Brasil ainda precisará de 20 anos para chegar aos níveis de países desenvolvidos com índices próximos a 1%.
- O gargalo está no sistema de fomento que é baseado no interesse do pesquisadores e deveria servir ao setor produtivo - afirma Negri.
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